Os jogos de terror sempre me fascinaram, especialmente aqueles que apostam no horror psicológico em vez da pura ação. Minha atração por títulos como Silent Hill sempre foi maior do que por franquias como Resident Evil, que exigem mais precisão nos tiros, algo em que admito não ser dos melhores. Essa preferência fez com que eu seguisse Silent Hill de perto desde o início, mergulhando de cabeça na atmosfera tensa e cheia de mistérios, onde o horror nasce mais do que no combate, é o cenário e a narrativa que constroem o medo. Lembro até hoje do susto que levei jogando Silent Hill: Origins no PSP no metrô.
Quando anunciaram o remake de Silent Hill 2 para PS5, a ansiedade tomou conta. Afinal, estamos falando de um dos jogos mais aclamados da série e de um marco para o gênero de terror. Então, depois de tanta expectativa, será que o remake fez jus ao clássico? Vamos descobrir!
História
No papel de James Sunderland, o protagonista atormentado do jogo, começamos a história recebendo uma carta enigmática da falecida esposa de James, Mary. Na carta, Mary pede que James a encontre em Silent Hill, o lugar especial para o casal. Essa premissa, já sombria e misteriosa, ganha força conforme vemos o estado psicológico do protagonista abalado e confuso com a perda, mas ainda determinado a atender ao pedido. E assim, partimos rumo a uma cidade fantasmagórica, envolta em névoa, para encontrar respostas.
Silent Hill em si é quase um personagem na trama, representando tanto o passado de James quanto seus traumas mais obscuros. Cada área da cidade traz um novo enigma, e conforme avançamos, somos confrontados por mais do que apenas monstros: são revelações psicológicas e emocionais. Cada passo em direção ao “lugar especial” de James e Mary aprofunda a complexidade do enredo, ao mesmo tempo que aumenta a tensão e o mistério. É uma narrativa densa, que faz questionar até onde o protagonista está disposto a ir e a perder para encarar os próprios demônios.
Gameplay
Quem jogou o Silent Hill 2 original talvez se recorde da tensão constante e da vulnerabilidade de James, mas é no remake que esses elementos ganham uma nova dimensão. A mudança na câmera, agora em terceira pessoa e com ângulos mais dinâmicos, transforma a experiência de jogo, oferecendo uma imersão muito maior. Agora, os encontros com os monstros são mais intensos e imprevisíveis, e a atmosfera sinistra de Silent Hill parece ainda mais opressiva.
Na minha lembrança do jogo original, a presença de monstros parecia mais moderada. Agora, porém, essa sensação mudou: os inimigos surgem com mais frequência, mas, felizmente, ainda há espaço para fugir ou evitar confrontos diretos. Essa dinâmica é essencial, ao permitir que o jogador se concentre mais na sobrevivência do que na eliminação de criaturas. Além disso, os quebra-cabeças foram repaginados, e a interação com o ambiente é mais rica, mantendo o jogador envolvido no mistério e na história.
Outro ponto alto do remake é o aproveitamento das funções do controle DualSense do PS5. O rádio que James encontra na jornada, por exemplo, emite ruídos perturbadores diretamente pelo controle, aumentando a tensão de cada encontro com inimigos. Se optar por não usar headset, essa funcionalidade se torna um recurso valioso que complementa o gameplay de forma inovadora, proporcionando uma experiência mais intensa e envolvente.
Áudio e Visual
O novo Silent Hill 2 é um deleite visual. A Konami aproveitou o poder gráfico da nova geração para recriar Silent Hill em mínimos detalhes, desde as ruas enevoadas e desertas até o brilho sinistro das construções abandonadas. Escolhi jogar em resolução 4K e fui rapidamente absorvido pela beleza sombria do cenário. A névoa é densa e realista, fazendo com que você se sinta verdadeiramente perdido, como se algo estivesse à espreita em cada esquina. Todos os elementos da cidade foram reconstruídos com um toque de nostalgia, mas aprimorados para atrair novos jogadores e satisfazer os veteranos.
A trilha sonora e os efeitos sonoros são igualmente impressionantes. A música, originalmente composta pelo lendário Akira Yamaoka, foi reimaginada, mas sem perder a essência perturbadora que tornou a trilha original tão marcante. No remake, há ainda mais cuidado com o áudio 3D, e quem joga com um headset consegue perceber cada detalhe de som ambiente, desde passos até sussurros, elevando o nível de pânico e faz a experiência ser, no mínimo, visceral.
Veredito
Com este remake, Silent Hill 2 ressurge como uma obra-prima do terror psicológico, que tanto os fãs do original quanto os novatos no gênero vão apreciar. O jogo moderniza a experiência sem a descaracterizar, respeitando a narrativa e os elementos que fizeram do original um sucesso, ao mesmo tempo que melhora a jogabilidade e a imersão.
Os detalhes visuais, a trilha sonora impecável e o uso inovador do DualSense mostram o cuidado da Konami em entregar um remake digno do nome Silent Hill. Para quem é fã do gênero ou apenas quer se aventurar em uma história cheia de camadas e simbolismo, este é o momento perfeito para explorar um dos jogos mais emblemáticos do horror.
Silent Hill 2: Com este remake, Silent Hill 2 ressurge como uma obra-prima do terror psicológico, que tanto os fãs do original quanto os novatos no gênero vão apreciar. O jogo moderniza a experiência sem a descaracterizar, respeitando a narrativa e os elementos que fizeram do original um sucesso, ao mesmo tempo que melhora a jogabilidade e a imersão. – Eduardo Andrade