Olá! Já conhecem a franquia Famicom Detective Club? Pois é, nem só de Mario e Zelda vive a Big N e, apesar de ser conhecida por seus jogos mais lúdicos e divertidos, vez ou outra ela surpreende com outras propostas tanto em estilo, quanto em jogabilidade, afinal, ela não é uma das maiores e mais conhecidas empresas de Games a toa.
Voltando a franquia Famicon Detective Club, talvez os mais novatos nunca ouviram ou leram a respeito até pouco tempo (este que vos escreve incluso), mas ela conta com dois jogos, The Missing Heir (1988) e The Girl Who Stands Behind (1989) lá no saudoso Nintendinho (NES) que acabaram ganhando remakes para o Switch.
Há ainda um terceiro jogo intitulado Yuki ni Kieta Kako que nunca veio ao ocidente, mesmo saindo para o virtual console do Wii, ele reapareceu só no Japão mesmo. Até porque é um estilo que agrada muito o público japonês, mas ainda de nicho pelas nossas bandas.Quase 30 anos se passaram e Emio The Smiling Man chega como uma história inédita, feita exclusivamente para o Nintendo Switch mantendo o estilo, alguns personagens, mas numa história totalmente nova feito por ninguém menos que Yoshio Sakamoto (alguém falou Metroid?) e que agora vamos comentar.
História e Ambientação
A história de Emio – The Smiling Man é inspirada nas lendas urbanas e começa com a descoberta de um corpo de um garoto com o rosto coberto por um saco de papel com sorriso desenhado, além de marcas de enforcamento.
Um jovem detetive, no caso o jogador, que trabalha para a Agência de Detetives Utsugi, entra no caso contando com a ajuda de Utsugi e Ayumi que voltam como personagens dos títulos anteriores para solucionar esse mistério.
Tudo fica mais intrigante pois o contexto da cena remete a fatos ocorridos 18 anos antes, quando algumas garotas foram mortas por enforcamento e encontradas com sacos sobre suas cabeças tamém com um sorriso desenhado. Isso tudo remetendo a uma bizarra lenda sobre Emio, o Homem Sorridente, que encontrava garotas chorando e dizia para elas que elas não precisavam mais chorar, pois ele daria a elas um sorriso eterno, tirando a vida daquelas que continuavam chorando.
Tendo todo o contexto, cabe ao detetive, conversar com muitos personagens, visitar lugares e vasculhar por pistas para tentar solucionar o caso e conforme o jogador avança, mais e mais ele se envolve nesse mistério sombrio e comovente. Não dá pra falar muito mais da história, afinal é um jogo de investigação e qualquer coisa dita pode tirar o fator surpresa, mas afirmo que é um dos títulos se não for o que mais abordam temas adultos e sensíveis que a própria Nintendo publicou.
Jogabilidade
Emio – The Smiling Man é um jogo do gênero Visual Novel, um estilo de jogo que mais se parece com um livro interativo, a história está lá pronta, mas com a idéia de fundir esse livro a um jogo, onde o jogador precisa ler diálogos, conversar com pessoas, interagir com cenários para que a história em si prossiga.
Pelo próprio estilo, jogar é até simples, você pode fazê-lo inclusive usando apenas uma mão, é direcionar e apertar onde você quer ver, responder ou perguntar algo. Não é algo que agrada a todos, principalmente nos dias atuais onde tudo que parece parado ou exige atenção não faz muito sucesso.
Mas o que mais soa estranho em se tratando de um jogo nesse estilo feito exclusivamente para o Switch é que não existe a função touch pra fazer uso da telinha do console. Um jogo que serve muito bem para tablets e celulares talvez seria mais prático e fácil com um recurso que existe no Switch.
Na parte de qualidade de vida, o jogo conta com um bloco de notas bem detalhado, além de deixar o Menu discreto para não atrapalhar o visual e ainda tem as opções de rever e/ou pular diálogos que já passaram. Salvamentos automáticos existem e você ainda tem a opção de um resumo cada vez que volta a jogatina.
Outro fator importante para nós brasileiros, é que, mais uma vez um jogo que tem todo seu peso nos diálogos e história, só pode ser jogado com textos em inglês. Então se você não tem paciência em ficar traduzindo com seu celular e não tem noção do idioma, esse não é jogo pra você.
Gráficos, Sons e Desempenho
Visual Novels já trazem na nossa mente um viés de simplicidade, mas isso não quer dizer que não se exige dos diretores de arte, design e agentes de sons, muito pelo contrário.
Com um jogo mais estático, a equipe técnica precisa achar meios de não cansar o jogador e aí o time da Mages, que co-desenvolveu o projeto, trabalhou muito bem com um estilo Live2D, os textos são bem legíveis e um arte muito bonita que combina muito bem com a atmosfera do jogo, além de caracterizações caprichadas.
Falando em capricho, é também motivo de elogio a dublagem em japonês e a perfeita sincronia entre som e gráfico. A música é genérica, cumpre seu papel, mas seria interessante algumas nuances em certos momentos.
Veredito
Emio – The Smiling Man: Famicon Detective Club pode soar como familiar a quem jogos os remakes dos primeiros títulos que foram lançados para o Switch em 2021, mas traz uma história cheia de mistério e um tanto quanto macabra.
É um jogo que utiliza temas sensíveis e pesados como abuso, suicídio, bullying, mas de forma equilibrada e bem respeitosa, cuidado que a Nintendo manteve, mesmo sendo um jogo claramente para um público mais adulto.
Por melhor que seja, Emio ainda é um jogo de nicho que não vai agradar aqueles que querem ação o tempo todo, mas dentro de seu gênero é uma surpresa muito agradável, intrigante e envolvente, com suas reviravoltas e visualmente bem trabalhado, pode prender a atenção por suas quase 10 horas de jogatina de forma muito orgânica.
Uma pena mais uma vez um jogo que se sustenta na história não ser acessível a quem não domina o inglês, mas pra quem quer praticar, é uma opção boa também.
Bônus
Ao terminar o jogo, acompanhe o vídeo que completa a história até o final, vale muito a pena.
Emio – The Smiling Man: Famicom Detective Club já está disponível na loja da Nintendo, inclusive com uma versão Demo. Cópia gentilmente cedida pela Nintendo.
Emio – The Smiling Man: Famicom Detective Club: Um Visual Novel intrigante com muitas reviravoltas numa história envolvente a ser solucionada que vai te envolver de uma forma surpreendente. – Thiago